segunda-feira, outubro 30, 2006

Ao serviço de Sua Majestade

Aquando da minha estada na Alemanha apanhei um dos maiores sustos da minha vida. Fui agarrada por trás por um homem e por segundos vi a minha vida passar toda à minha frente. Pensei no que me poderia fazer. Fiquei em pânico. Tentei a todo o custo libertar-me mas parecia que quanto mais esbracejava mais ele me apertava. Gritei. E finalmente me libertou. Foram os segundos mais longos da minha vida. Depois de mim, o homem agarrou mais umas quantas raparigas e acabou a destribuir pancada num bar. Chamámos a polícia e fizemos queixa. Viemos a descobrir que o homem era um militar inglês que tinha acabado de regressar do Iraque e vinha traumatizado. Uma boa desculpa para fazermos tudo o que nos der "na real gana". Fui depor à polícia alemã e mais tarde à polícia militar inglesa. Já lá vai um ano e meio. Durante o Verão passado fui contacta pela polícia militar inglesa que queria vir a Portugal falar comigo a pedir um novo depoimento e se necessário a minha presença no Tribunal aquando do julgamento. Falei com a senhora e disse-lhe que se fosse possível retirava a minha acusação uma vez que não queria prejudicar a vida de ninguém. Nunca mais me contactaram.
Hoje, recebi uma carta a pedir que compareça no tribunal marcial que se realizará no proximo mês de Novembro na Alemanha, como testemunha do processo. Despesas todas pagas pela polícia militar britânica. A viagem de graça é um óptimo aliciante, mas não me estou a ver num tribunal a acusar ninguém. Os nervos deram lugar ao riso miudinho. A verdade é que é meu dever como cidadã comparecer no julgamento. Se o caso fosse mais grave ou fosse comigo também gostaria que as testemunhas dessem a cara, que não se escondessem e deixassem passar o caso incólume. Também vai ser uma experiência interessante participar num tribunal marcial. Ver in loco aquilo que tantas vezes vemos na ficção.
Vou cumprir o meu dever de cidadã, on Her Majesty's Service.

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