quarta-feira, novembro 29, 2006

Inundação

Chego a casa e tenho a cave inundada. A casa-das-máquinas parecia uma autêntica piscina, um lago. Felizmente não foi culpa das chuvas, é a sorte de viver no cimo de um monte. O problema foi na caldeira, que passou o dia todo a escorrer água. A tarde foi passada de esfregona na mão a limpar a água...

domingo, novembro 26, 2006

Perdida nos dias

Ando uma semana atrasada. Faço a minha vida como se ainda estivéssemos a meio do mês de novembro, quando afinal estamos quase no fim do mês. Ando completamente desorientada. O tempo tem passado a uma velocidade louca, eu não dou por ele a passar. Este ano simplesmente passou depressa demais!!!

sábado, novembro 25, 2006

A felicidade exige valentia.

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não
esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela
vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no
recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter
medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para
ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa - 70º aniversário da sua morte

quinta-feira, novembro 23, 2006

Guilty - Culpado



Domingo 19.11. - 22:30 - Dusseldorf
Aterrei com uma hora de atraso devido ao intenso tráfego aéreo, que nos obrigou a "andar" a passear pelos céus alemães. Lá fora os termómetros registavam 5º C, o ar estava gelado. À minha espera estava um dos motoristas da base militar inglesa de Monchengladbach que me levou ao meu "hotel" dentro da base.




Segunda-feira 20.11 - Gutersloh


Aproveitei a manhã para dar uma voltinhas pela base-militar. As ruas estavam completamente vestidas de Outono e foi uma delícia passear, bem agasalhada, e saborear o ar fresco da manhã. A base é enorme, uma autêntica vila inglesa escondida dentro de um bosque alemão. As lojas inglesas que lá tem, são uma tentação: todos os produtos típicos ingleses a preços super acessíveis. O problema é que uma simples civil que não trabalhe lá dentro nem lá tenha família não pode fazer compras. Lá tive que me resignar e contentar em olhar apenas.


Depois de almoço um outro motorista foi-me buscar à base e daí fomos buscar a minha acompanhante, uma senhora nos seus 60 anos que veio de propósito do Reino Unido para me fazer companhia e explicar tudo o que se passava no tribunal - witness support.


Duas horas de carro depois lá chegámos ao hotel de Gutersloh, que infelizmente era longe do centro da pequena cidade, o que não deu nem para ir dar uma voltinha.


Terça-feira 22.11 - Osnabrueck

Às 9 horas em ponto já estava no tribunal militar de Gutersloh onde ia ser o julgamento. Depois de ter conhecido a senhora que tratou das minhas viagens, fui levada para a sala de testemunhas. Antes do julgamento começar fui ver a sala de audiências, uma sala normal toda equipada com câmaras e televisão. A minha "acompanhante" explicou-me onde é que eu ia falar e onde se ia sentar quem. Tinham assegurado que do sítio onde a testemunha se sentava não veria a cara do agressor. Do mal o menos, pensei. Perguntaram-me qual o juramento que queria fazer, se queria fazer um onde invocasse Deus ou um isento. Escolhi o juramento religioso, algo como "I swear by God to tell the truth, all the truth and nothing but the truth". De novo na sala de testemunhas foi-me dada a minha queixa formal por escrito para re-ler e relembrar o que tinha sucedido na data da agressão. O julgamento começava às 10 horas e eu seria a primeira de 18 testemunhas a falar, uma vez que fui a primeira a ser agredida. Às 10:20 batem à porta, entra o ajudante da advogada de acusação e esta, e eu pensei "É agora!", e disseram que tinha havido uma alteração e queriam falar com cada uma das testemunhas em particular.

Eu fui a primeira. Afinal quando a sessão de tribunal começou o rapaz pediu um acordo com o advogado de acusação em como se considerava culpado de alguns dos crimes que era acusado. O meu era um deles. A advogada explicou-me que na verdade o meu era dos mais graves, uma vex que fui agarrada em propriedade privada numa zona escondida por arbustos e que algo de mais grave se podia ter passado. Ele considerava-se culpado por me ter agarrado mas não de assédio sexual. Eu aceitei, claro. Resumindo, não tive que falar no tribunal e os ingleses gastaram uma "pipa de massa" comigo para nada!

Pela hora de almoço encontrei-me com um casal amigo que também tinha sido chamado para ser testemunha e eles levaram-me com eles para Osnabrueck onde passei o resto do dia. Aproveitei para dar uma voltinha na cidade para fazer algumas compras, mas principalmente para estar com alguns amigos. O tempo lá foi curto e passou depressa demais o que não deu para ver quase ninguém.


Quarta-feira 22.11 - Portugal

Às 10:37 apanhei o comboio de Osnabrueck para o aeroporto de Dusseldorf. Aí tivemos que estar cerca de 2 horas à espera do avião (depois da hora de embarque), devido a um "pequeno"problema. Ao abastecerem o avião esqueceram-se fechar ou fecharam mal o tanque do combustível e este derramou-se todo pela pista. Foi necessário limpar a pista e evacuar o avião. Apenas um pequeno incidente devido a erro humano que foi prevenido a tempo. E lá regressei eu a Portugal sã e salva.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Seguir em frente

Todos nós passamos por más experiências ou experiências menos boas. O mais difícil é sempre dar a volta por cima, ultrapassar esses obstáculos. A mim, pelo menos , custa-me sempre. Principalmente quando essas situações implicam outras pessoas. Mas há momentos na vida em que temos que dizer "NÃO" e ponto-final. Mesmo que nos tentem dar a volta, temos que nos manter firmes na nossa posição, por mais que isso custe. É com estes momentos que aprendemos a enfrentar a vida e a ultrapassarmo-nos a nós próprios. São momentos em que podemos ver do que somos capazes. Por mais que custe, há que seguir em frente de cabeça erguida, com a consciência de que agimos correctamente.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Testes para a União Europeia

Tão depressa chegou este dia, que eu quase não vi o tempo passar. E lá fui eu para Lisboa, com os apontamentos atrás (mais para descargo de consciência) e quase sem tomar consciência de que bons resultados nestes testes poderiam ser a chave para o meu futuro profissional. Os testes, na verdade, foram mais acessíveis do que aquilo que eu pensava que poderiam ser. Havia algumas perguntas de "cárácácá", outras tinham algumas ratoeiras. Mas acho que no geral não me saí muito mal. Agora é esperar até finais de Janeiro, inícios de Dezembro, para saber os resultados desta primeira fase.
Como se costuma dizer, que até lá "não me doa a barriga"!

domingo, novembro 12, 2006

Às voltas com os livros

Sento-me na cama com os livros à minha frente. Tenho que estudar. Desfolho os livros e abro nas partes que me interessam. Começo a ler, mas quando dou por mim já estou noutro mundo, no chamado "mundo da lua". Estou gelada. Vou buscar um cobertor e embrulho-me nele. O nariz começa a pingar e a garaganta está meia seca. Munida de lenços de papel e já bem quentinha lá volto aos meus livros e apontamentos. Perco-me nos pensamentos e leio a mesma frase mais de 10 vezes. A matéria não é nada interessante, porque não é nada de novo. Mas tenho que fazer uma revisão geral, para ficar com as ideias principais e com aqueles pequeninos pormenores que por vezes nos escapam. Mas é sempre assim, sempre que tenho que estudar, quando a hora-H se aproxima lembro-me de mil e uma coisas para fazer. Ou tenho fome, ou está a dar um filme "super" interessante na televisão, ou tenho que mandar uns e-mails urgentísssimos, ou pura e simplesmente tenho sono... Tudo, menos estudar! Parece que os hábitos universitários não se perdem assim tão facilmente. Ainda para mais acho estou constipada. Tudo ajuda!

quinta-feira, novembro 09, 2006

Palavras perdidas

I sang loudly
But you didn't hear me.
I danced frenetically
But you didn't see me.
I touched your fingers
But you didn't feel me.

I passed by you
And you avoid looking at me.
I stared at you
And you avoid my eyes.
And I had just given up
When you asked me out.

quarta-feira, novembro 08, 2006

"Visita de médico" à Alemanha

Voar é liberdade, ultrapassarmo-nos, sentir os nossos limites. É a possibilidade de irmos onde quisermos. Mas é também sentir a nossa pequenez perante as maravilhas da natureza. A paisagem aérea, as casas por baixo de nós que parecem autênticas casinhas de bonecas, cheias de vida. Passar por entre as nuvens, sentir o vazio, o nada, o infinito. E já lá em cima, já lá bem em cima, ver o sol a pôr-se por entre as nuvens, o céu a encher-se de tonalidades de vermelho, rosa e violeta. E dá uma vontade imensa de saltar para as nuvens (que nem os "ursinhos carinhosos"), rebolar nelas, saltar de nuvem em nuvem até ao infinito. E a noite cai. Fica escuro como breu. As luzes das cidades e povoações iluminam a paisagem nocturna. Paris, então, é deslumbrante, toda uma teia de luzes que parece não ter fim, qual árvore-de-natal enfeitada. E eu fico maravilhada, extasiada, pregada à janela a assistir a estes espectáculo magnífico.
Pernoitei numa base militar britânica perto de Dusseldorf. Uma autêntica vila britânica perdida nos bosques alemães, onde hoje convivem "brits", alemães, holandeses, canadianos e americanos. De manhã fui levada à polícia militar onde visualizei um pequeno filme para identificar o presumível suspeito. Eu que apenas tinha visto a cara do soldado por uma fracção de segundos e ao longe, ainda para mais, há mais de ano e meio. Fui incapaz de identificar o homem. Havia uns quantos que tinha a certeza que não, mas com outros fiquei na dúvida. Não quis culpar ninguém inocente. O advogado de defesa pareceu-me satisfeito. Eu apenas cumpri a minha parte.
E passadas menos de 24 horas já estava de volta a Portugal. Uma autêntica "visita de médico" à Alemanha.

domingo, novembro 05, 2006

Palavras

"São como um cristal
as palavras.
Algumas um punhal,
um incêncio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?"
Eugénio de Andrade

quarta-feira, novembro 01, 2006

Dia do Bolinho

Lá pelas 8:00 eu e o meu irmão já costumávamos estar prontos, bem agasalhados e de sacolas ao ombro. A minha mãe lá nos tinha que dissuadir e obrigar-nos a ver os desenhos-animados até às 9:00 porque ainda era muito cedo para irmos bater à porta das pessoas. Juntávamo-nos em grupos de 8 a 10 e corríamos as casas todas dos prédios da rua. No hall-de-entrada ecoava o "Ó tia dá bolinho em louvor de todos os santinhos?", ou simplesmente o "Ó tia dá bolinho?" (é claro que também havia os mais descarados que tentavam "Ó tia dá bolinho, senão leva com a tranca no focinho" e habilitavam-se a levar eles com a porta na cara. De bolinhos, a frutos secos, passando por chocolates e moedas, ao fim da manhã as sacas já estavam bem recheadas. Alturas houve até em que íamos a meio da manhã a casa para despejar o saco e lá voltávamos nós de sacos vazios. Já sabíamos quais eram as casas que davam "melhor bolinho", quais aquelas onde as pessoas eram antipáticas e até mesmo aquelas que não nos abriam a porta. Mas era a alegria de andar com os amigos a bater de porta em porta, a ver quem ia a mais casas, quem tinha as sacas mais cheias. Hoje já são poucos os miúdos que andam a pedir bolinho. Muita gente já não abre a porta para dar bolinho. Começam-se a perder as tradições e adoptam-se e detorpam-se tradições que nada têm a ver com a nossa cultura, como é o Halloween.