Lá pelas 8:00 eu e o meu irmão já costumávamos estar prontos, bem agasalhados e de sacolas ao ombro. A minha mãe lá nos tinha que dissuadir e obrigar-nos a ver os desenhos-animados até às 9:00 porque ainda era muito cedo para irmos bater à porta das pessoas. Juntávamo-nos em grupos de 8 a 10 e corríamos as casas todas dos prédios da rua. No hall-de-entrada ecoava o "Ó tia dá bolinho em louvor de todos os santinhos?", ou simplesmente o "Ó tia dá bolinho?" (é claro que também havia os mais descarados que tentavam "Ó tia dá bolinho, senão leva com a tranca no focinho" e habilitavam-se a levar eles com a porta na cara. De bolinhos, a frutos secos, passando por chocolates e moedas, ao fim da manhã as sacas já estavam bem recheadas. Alturas houve até em que íamos a meio da manhã a casa para despejar o saco e lá voltávamos nós de sacos vazios. Já sabíamos quais eram as casas que davam "melhor bolinho", quais aquelas onde as pessoas eram antipáticas e até mesmo aquelas que não nos abriam a porta. Mas era a alegria de andar com os amigos a bater de porta em porta, a ver quem ia a mais casas, quem tinha as sacas mais cheias. Hoje já são poucos os miúdos que andam a pedir bolinho. Muita gente já não abre a porta para dar bolinho. Começam-se a perder as tradições e adoptam-se e detorpam-se tradições que nada têm a ver com a nossa cultura, como é o Halloween.
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